21 de fev. de 2010

Históricos falsos foram usados até em Minas

Segundo investigações da Polícia Civil em Ilhéus, a titular da Delegacia de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP), Andréia Oliveira, o esquema de falsificação de históricos escolares por estudantes é muito maior do que se imaginava inicialmente e ultrapassa a fronteira da Bahia.
Pelo menos dois estudantes de faculdades mineiras e um aluno que está cursando o ensino superior em São Paulo estão entre os suspeitos de envolvimento com o esquema, que no sul da Bahia era comandado por uma ex-servidora do Colégio Estadual de Ilhéus.
A polícia já solicitou informações sobre os graduandos. O contato também foi feito com faculdades no eixo Itabuna / Ilhéus pedindo o endereço de nove alunos para enviar notificação para a tomada de depoimentos.
Uma etapa das investigações avançou na quinta-feira, 18, com o depoimento da estudante A.B.S, que cursa Direito em uma faculdade particular em Ilhéus.
Segundo a delegada, a estudante confessou que pagou R$ 500 pelo histórico do curso técnico de administração no Colégio Estadual de Ilhéus. O documento falso informava que a estudante concluiu o curso em 2004, com quase todas as notas boas.
O curso, porém, foi extinto em 1998, seis anos antes da mulher que pretendia concluir o bacharelado em Direito ter conseguido o histórico escolar falso. Ela afirmou que comprou o histórico de uma ex-servidora pública que trabalhou no Colégio Estadual.
A funcionária
De acordo com as investigações, a funcionária acusada de comandar o esquema da venda de histórico escolar falso era concursada pelo estado. Ainda no exercício da profissão, ela começou a vender os históricos, foi descoberta e acabou demitida por justa causa.
A polícia descobriu que, mesmo depois de demitida, a ex-funcionária pública continuou com esquema de venda dos históricos. Em uma tentativa de não deixar rastros, ela usava um telefone público para contato com os interessados no documento frio.
“Há indícios de que ela própria falsificava as assinaturas do ex-diretor do Colégio Estadual, Sebastião Maciel, e de uma secretária da escola”. Para comprovar essas evidências, a delegada fez um pedido de exame grafotécnico e espera o laudo pericial chegar de Salvador.
“Estamos tentando localizar a ex-funcionária pública para interrogá-la”. Há informação de que a mulher fugiu no momento em que o escândalo estourou.
Segundo a delegada, até o momento, as investigações apontaram 12 casos de pessoas que teriam comprado o histórico escolar na mão desta ex-funcionária do Colégio Estadual de Ilhéus. “Vamos entrar em contato com alunos para interrogá-los”.
“Acredito que existam muito mais pessoas que compraram o histórico pois, de acordo com a investigação, a mulher vendia os documentos há anos”.
Quem comprou os históricos falsos para ingressar numa faculdade vai responder pelo crime de estelionato, com pena de um a cinco anos. Para quem vendeu o caso se complica.
“Só poderemos definir os crimes envolvidos quando terminarem as investigações”, lembra a delegada. Quem concluiu o curso deve perder o diploma.
O esquema começou a ser desmantelado em maio do ano passado, quando familiares da estudante A.B.S decidiram denunciar a fraude. No histórico escolar constavam alguns erros primários, como a inclusão de disciplinas que não faziam parte do currículo do curso.
Em um simples contato, a faculdade descobriria que o documento era frio. Outros nove documentos foram apresentados na mesma faculdade como verdadeiros.

Fonte: A Região

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