19 de fev. de 2010

Onda de denúncias contra a PM do Rio invade Twitter


Twitteiros do perfil Boca de Sabão revelam detalhes da corrupção interna na corporação

Sob o slogan "A voz de quem não tem voz. Aqui você fica sabendo de tudo dos bastidores da PM (Polícia Militar)", o Boca de Sabão, perfil da rede de microblogs Twitter, ganha um número cada vez maior de seguidores. No jargão policial, a gíria significa fofoqueiro.
Mantido por quatro twitteiros anônimos, o @bocadesabao foi criado em abril de 2009 apenas como uma experiência, mas se tornou um verdadeiro reduto de reclamações de policiais cariocas contra colegas de trabalho e, principalmente, comandantes de batalhões. São cerca de 50 e-mails diários para o e-mail denunciasproboca@gmail.com.
Os assuntos polêmicos chamavam a atenção de, ao menos, 2.300 internautas até a última quinta-feira (18). Em entrevista ao R7, um dos responsáveis pelo perfil, que preferiu manter o anonimato, conta que a corrupção interna na Polícia Militar do Rio de Janeiro motivou a criação do perfil.
Segundo ele, as principais denúncias recebidas são de policiais que sofrem extorsão nas próprias unidades. São comuns queixas de agentes que precisam pagar para tirar férias, para não serem escalados em serviço extra e até para conseguirem licença.
Também há reclamações sobre o chamado "policiamento vendido" em que oficiais superiores procuram comerciantes ou promotores de eventos para, em troca de dinheiro, deslocar viaturas aos estabelecimentos. Há ainda registros de policiais envolvidos com tráfico de drogas, milícias e jogo do bicho. Problemas em alojamentos, qualidade da comida e condições de trabalho também não são poupados.
E as denúncias já surtiram efeito, segundo conta um dos twitteiros.
- Somos um canal para que as pessoas saibam por que não tem segurança pública no Estado do Rio de Janeiro. Nós revelamos, por exemplo, que oficiais relacionados na lista do jogo do bicho, apreendida na fortaleza de Castor de Andrade [contraventor já morto], com o passar do tempo, foram sendo promovidos e receberam comandos até chegarem à cúpula. Isso teve grande repercussão. Também revelamos a corrupção instalada no batalhão de Botafogo, onde o comandante acabou sendo substituído por ordem da Secretaria de Segurança Pública.
Atualmente, os alvos da maioria das denúncias são os batalhões da Barra da Tijuca, na zona oeste, e de Rocha Miranda, na zona norte.
- Recebíamos muitas denúncias do batalhão de Botafogo (zona sul), mas depois da troca do comandante daquela unidade não recebemos mais. Nunca chegou nada sobre os atuais chefes da segurança no Rio.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado informou por meio de nota que a Polícia Militar só investiga casos que forem comunicados à Ouvidoria e à Corregedoria. O órgão reconhece o grande poder de comunicação da internet, mas alega que muitos dos perfis que difamam a corporação têm interesses políticos e não são comprometidos com a verdade

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