
Reprodução da capa da adaptação de Jubiabá
Um ano e oito meses após sua visita à Bahia, para “sentir o clima e colher referências” – documentada por A TARDE em dezembro de 2007 –, o cartunista Spacca finalmente vê chegar às livrarias sua adaptação para HQ do romance Jubiabá, de Jorge Amado. Intitulado justamente Jubiabá de Jorge Amado, o belíssimo álbum é um dos quatro a inaugurar o selo Quadrinhos na Cia., da Companhia das Letras.
Em Jubiabá de Jorge Amado, Spacca demonstra vigor artístico e habilidade plástica inequívocos ao traduzir em quatro cores todo o clima, os cenários e tipos humanos da velha Bahia no século XX. Sua visão se apropriou tão bem do universo amadiano que, folheando suas páginas, é quase possível sentir o cheiro de maresia no cais do porto no qual Antônio Balduíno, o herói do romance, participa de uma greve. Jubiabá, o livro, trata justamente da trajetória de Balduíno, de menino do Morro do Capa-Negro (Cidade Baixa) até a tomada de consciência socialista, durante greve no cais do porto.
Experiência semelhante – Mas tudo isso, claro, não foi resultado de uma mera visita à cidade. “Ajudou ter ido aí. Mas foi fundamental ter feito a ‘lição de casa‘ antes. Estudei mapas e fotos antigas. Quando passei aqueles dias aí, reconheci o que tinha estudado. Dei também um pulinho na Fundação Gregório de Mattos para olhar as fotos da antiga Praça da Sé. Sentir a ambientação, o terreno, ter a noção de andar por aí. Foi bom andar da Praça Castro Alves até o Pelô, sentir as distâncias”, avalia Spacca.
Para ele, o mais importante não era nem recontar o romance, mas, sim, “oferecer ao leitor uma experiência semelhante à de ler um livro de Jorge Amado, utilizando os recursos da HQ. Então meu trabalho tem que ser tão divertido e envolvente quanto um livro de Jorge Amado“, diz.
“Porque no álbum eu estou representando Jorge Amado para muitos que não o conhecem. Não quero vender gato por lebre, quero oferecer uma experiência similar à de ler seu livro“, fala.
Ainda assim – ou talvez exatamente por isso –, adaptar um romance como Jubiabá está longe de ser tarefa fácil. “O livro tem 300 personagens, então muitas situações não iam ter como entrar. Fiz várias leituras. Na segunda, eu já peguei o esqueleto da obra. Aí li de novo para selecionar trechos. Não dá para fazer isso numa primeira leitura. Tem que conhecer mesmo para poder se embasar, além de ler livros paralelos, como os dois guias de Jorge Amado sobre Salvador”, ensina.
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