Dez policiais militares foram reconhecidos por testemunhas como os responsáveis pela tortura e morte do motoboy Eduardo dos Santos, em São Paulo. A mãe da vítima recebeu uma carta com o pedido de desculpas do comandante-geral da PM do estado, coronel Álvaro Camilo.
Testemunhas estão ajudando a reconstituir os fatos que resultaram no assassinato do motoboy. Ele foi visto pela última vez em um quartel da PM na Zona Norte de São Paulo, no dia 9 de abril. Durante uma discussão na rua, Eduardo foi detido e, poucas horas depois, apareceu morto.
Em depoimento, um dos três rapazes presos com a vítima disse que eles escutaram gritos de Eduardo apanhando numa sala dentro do quartel e que vários policiais participaram da agressão. Além disso, disseram que ele “gritava bastante pedindo pela mãe, por Deus e para que os policiais parassem de agredi-lo”. Essa testemunha também disse ter ouvido cinco disparos de arma.
“Houve tortura, tanto física quanto psicológica. Os tiros foram pra aterrorizar”, afirmou o advogado da família, Marcos Nogueira da Silva. As testemunhas foram confrontadas com as fotos dos policiais de serviço naquele dia. E reconheceram 10 deles. A maioria deles, ainda segundo as testemunhas, participou do espancamento de Eduardo. E, quem não bateu, viu as agressões, mas não fez nada para impedir.
Entre os policiais reconhecidos como agressores está um dos soldados que prenderam Eduardo. É o mesmo PM que depois levou o corpo para o hospital, dizendo que ele estava no meio da rua. Outra testemunha deu mais detalhes. Ela disse que, durante o espancamento, um dos PMs voltou dos fundos do quartel com um cassetete torto na mão e informou a outro policial que ele havia quebrado.
O mesmo rapaz afirmou que foi ameaçado depois da morte de Eduardo. Segundo ele, um cabo da PM também da Zona Norte mandou um recado: ele seria o próximo a morrer. A Corregedoria determinou a prisão imediata do policial.
Em casa, a mãe de Eduardo lê a carta que recebeu do comandante da PM de São Paulo. Ele escreveu: “quero pedir desculpas pelo que, a princípio, pessoas insanas e desumanas fizeram à sua família”. O comandante classificou a ação dos PMs como “ato inconcebível, um inescrupuloso crime”. Afirmou que buscará Justiça e finalizou: “que Deus lhe conforte e ilumine nesse momento de dor e sofrimento”.
É no que a mãe se apega. “Não vai trazer meu filho de volta. Essa lacuna ninguém vai fechar. Só Deus vai amenizar”, afirma. Nove dos policiais reconhecidos estão detidos na Corregedoria da PM.
Fonte: G1
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