Os assuntos de Estado,nos países em que a democracia está plenamente enraízada, não são nem partidarizados nem administrados sob o calor da hora. Na Bahia, quem inoculou, no meio policial,a atual balbúrdia a que assistimos outra vez,com perplexidade,foram o PT e seus tradicionais aliados.Todos se lembram (não é possível que não lembrem!) da numerosa quantidade de soldados,sargentos e capitães que,após aquela greve,candidataram-se a uma vaga na Assembléia Legislativa da Bahia.Alguns deles elegeram-se com o impulso da fanfarronice que,a partir do aquartelamento, era dado às suas candidaturas por parlamentares estaduais, do PT e do PC do B, que acorriam às reuniões de grevistas e empunhavam microfones para gritar bordões enfurecidos.Está documentada,com registro fotográfico,a participação de MOEMA GRAMACHO(PT) e ALICE PORTUGAL (PC do B) nessas reuniões.
As fotos da ocasião revelam ainda um insignificante WAGNER secundando-as,ao lado de umas tantas figuras ainda menores naquele contexto:PELEGRINO,JOÃO HENRIQUE e LÍDICE DA MATA, em visita ao Palácio de Ondina para encontrar um César Borges aos farrapos e aos prantos, rogando-lhes, quase em penitência, para que intercedessem junto às associações de policiais.A documentação fotográfica desse encontro não deixou de flagrar o risinho de Gioconda em cada um desses rostinhos despudorados que agora vemos desfilar por aí expressões de sérios e de cujas bocas emanam, por incrível que pareça, a retórica da “ordem” que eles apontavam como “conservadora”, “arbitrária”, “intransigente”, “coisa de tirano”, “coisa de ditador”,e todo um rosário de tolices para surtir o efeito eleitoral que,afinal, os beneficiou,sem exceção.
Revendo os jornais do período e comparando retrospectivamente a atual greve com aquela, patenteia-se o diletantismo mais reles daquela oposição,em vez do preparo e do aprimoramento da própria competência como sinais da responsabilidade do exercício da função pública e como meios de representação democrática para ser-lhes úteis à assunção legítima do Poder, agora. Parece-nos que os dois eleitos pelos baianos para a administração do Estado e de nossa capital sofrem do mesmo mal de se terem surpreendido com suas próprias eleições e jamais se recuperaram do susto,o que vem nos obrigando a testemunhar o cabotinismo de ambos. No caso de Wagner, que nos interessa aqui, assumiu a função de governador manifestando, desde o primeiro momento, desconfiança da polícia baiana (torço para que outros tenham guardado o áudio da entrevista coletiva de Wagner para anunciar seu primeiro secretariado, no primeiro mandato).
.Planejou-se ,e vem-se cumprindo, um controle da Polícia Civil mediante uma intervenção externa, com a formação de uma chefia fora de seus quadros, e um controle dos ânimos dos policiais militares, por meio das associações, de modo a oferecer aos comandantes a tranquilidade e a paz dos quartéis. Mas, esse modo fascista de Wagner governar, servindo-se das associações de classe, ruiu, e bastou, segundo suas palavras, uma mera dissidência de “uma associação representante de setor minoritário dos policiais militares.
.Um último lembrete: a primeira greve foi contemporânea dos primeiros meses de guerra civil no Haiti; em Salvador, em 12 dias de greve de policiais, foram assassinadas cerca de 70 pessoas, umas delas apenas caminhavam normalmente pelas ruas e foram vítimas de francos atiradores; no Haiti, em aproximadamente 6 meses,foram 100 mortos em conflito.Na madrugada do dia 3 de fevereiro de 2012,quando a atual greve já havia sido caracterizada e foi sentida pela população, já foram 13 assassinatos(os números estão sendo atualizados a todo momento, inclusive pelo blog do Josias).Comparem os números e verão,sem tergiversações ideológicas,o estado de barbárie a que nos levou o governador Wagner.
Ele precisa ser responsabilizado, inclusive criminalmente, pela mesma Justiça que decretou a ilegalidade da greve, porque com as urnas funéreas dos cadáveres mais antigos , depositaram-se, já sem volta, os votos em Moema Gramacho e Alice Portugal, que ainda vivem para a política como os ventos para a tempestade ou para a brisa da preamar (conforme sempre e apenas seus interesses mesquinhos).Por ora, ambas estão muito caladas...Talvez, suspirantes!
Depoimento de João Albuquerque postado no Blog do Jozias
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