7 de fev. de 2012

Motim da PM provoca desgaste político e deve virar tema na campanha

O pânico que dominou a cidade nos últimos dias deixou duas certezas entre políticos e especialistas nas relações entre mídia e poder: a de que os episódios gerados pela greve da PM provocaram desgastes à imagem do governador Jaques Wagner (PT) e a de que eles terão espaço na campanha da oposição nas eleições.
Nesta segunda (6), Wagner passou o dia reunido no Palácio de Ondina com o núcleo duro do governo estadual e com líderes do PT. No centro da mesa de crise, estavam em discussão tanto as negociações com os grevistas, quanto as táticas para evitar que o episódio resvale na sucessão municipal.
A julgar pelas declarações de um integrante da proa do partido - o líder do PT na Assembleia, Zé Neto - a estratégia é tentar tirar a Bahia do incêndio político. De quebra, mostrar também que Wagner teve pulso forte no gerenciamento das tensões, ao agir contra a parte da polícia responsável pelos dias de terror na capital.
“Não é hora de falar em desgastes do governo, e sim, de trabalhar para ampliar o diálogo. Trata-se de um movimento com articulação nacional e o governador tem agido com o vigor necessário para preservar o estado de direito. Afinal, gente com arma na mão, sequestrando ônibus, não é coisa de greve. É de motim”, destaca Zé Neto.
Ao falar em sintonia nacional, o deputado estadual se refere ao argumento de que a greve faz parte de um movimento de pressão para aprovar a proposta de piso nacional da polícia - a PEC 300. O discurso de Zé Neto tem coloração semelhante ao que foi adotado por Wagner em sucessivas entrevistas à imprensa.
Oposição


Do outro lado da trincheira, a oposição se esquiva de falar sobre estratégias eleitorais calcadas no saldo do terror, mas deixa claro que conta com uma iminente perda de popularidade do governo petista. “O desgaste é irreversível. O registro histórico que vai permanecer é o de quem optou pelo confronto como meio para resolver os problemas, em vez do diálogo”, avalia o deputado federal Antonio Imbassahy (PSDB).
Já o deputado federal ACM Neto, líder do DEM na Câmara, adota o tom conciliador ao comentar os efeitos da greve sobre os adversários. “Minha experiência diz que não é o momento de falar em proveito político. É hora de superar os problemas, de achar um caminho rápido para essa situação”, aponta.

Avaliações

Para um experiente marqueteiro baiano, com serviços prestados para políticos das duas frentes, a greve será tema nas próximas eleições, mesmo que a oposição negue a princípio. “É impossível não usar (a greve). A segurança é pauta contra (os governistas). Sem falar que, em casos como esse, sobra para os eleitores a percepção de que o governador foi leniente por ter deixado as coisas chegar onde chegaram”, analisa.
Para especialistas ouvidos pelo CORREIO, os danos ao governo são evidentes, mas os efeitos dependem de variáveis. “Se o governador conseguir um desfecho positivo, pode sair da crise como grande negociador", assinala o pesquisador da Ufba Gilberto Wildberger, especializado em Comunicação e Política. “O desgaste existe, mas num primeiro momento é cedo para afirmar que ele vai estar presente nas eleições", opina o cientista político Paulo Fábio Dantas, professor da Ufba.

Fonte: Correio da Biahia

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