22 de jul. de 2014

Coluna A Tarde: Dezesseis anos de poder

Coluna A Tarde: Dezesseis anos de poder

O susto da última pesquisa Datafolha, que constatou um empate técnico entre Dilma e Aécio no segundo turno, arrepiou o comando da sua campanha. Afinal, já era do conhecimento que dificilmente ela venceria no primeiro turno e o empate no segundo levaria à probabilidade de uma derrota. Pior. Eduardo Campos, que está distanciado, por ora, nas consultas, aparece também encostando, caso seja ele a ultrapassar o primeiro turno, e não Aécio. Esta possibilidade gerou uma inquietação no comitê da presidente. O bastante para uma derrapada da sua campanha que só fez prejudicá-la.
 
Seus marqueteiros a aconselharam não fazer campanha nas ruas, recolhendo-se a lugares fechados. Temem vaias. Ora, eles simplesmente disseram o que não casa com qualquer candidato a cargos eleitorais porque o político que teme as ruas consequentemente teme o povo, e se teme o povo não fica em condições de pedir ou disputar votos. Como a probabilidade de um provável segundo turno está diretamente vinculada a uma rejeição de Dilma, rejeição que se encorpou nos últimos tempos, o comitê pensou justamente o que não deveria: evitar as ruas.
 
Foi o suficiente para receber, quase de imediato, uma cutucada certeira de Aécio Neves: “Então, ela quer governar de costas para o povo?” Observem que a emenda ficou pior do que o soneto e que existe no comando da campanha da candidata um apagão, acompanhando o resultado da pesquisa. O problema se torna maior porque não se trata de uma perda de pontos ocasional, fato normal nas consultas de opinião, mas sim um processo de rejeição que a cada dia aumenta. O estilo de Dilma leva a esta situação. A rejeição é uma pedra no caminho da campanha em São Paulo e se espraia País a fora. A questão que se coloca diante do comitê é arranjar uma fórmula de diminuir tal rejeição. A pergunta é “como fazer?” Os dois candidatos oposicionistas são leves e sorridentes, mas não ensinaram Dilma a rir, além de ser pesada.
 
Lula, de outro modo, anda preocupado com o desempenho do candidato ao governo paulista, o ministro Alexandre Padilha, que está distanciado do Geraldo Alckmin a, nada menos, 50 pontos. Ele precisa que Padilha cresça não para ganhar o governo, mas para facilitar um melhor desempenho da candidata a presidente. Aliás, como a rejeição está vinculada, de certa maneira, ao desgaste nacional do PT, o ex-presidente já não tem ajuda do seu carisma. Passou a repetir as estocadas do passado, como se o País estivesse parado no tempo. Por exemplo: diante das dificuldades da coleta de água em S. Paulo, em razão de o reservatório do sistema Cantareira estar com nível baixíssimo - um fenômeno da natureza - não restou a Alckmin outra saída senão pedir à população economia de água. Lula, em palanque, desconhecendo que o problema da Cantareira não atingira, até então, a imagem de Alckmin, perguntou “quantos banhos ele toma por dia.” Além de um disparate, cedeu ao governador a oportunidade de uma resposta incontinente: “Me respeite”.
 
O que a pesquisa revela, embora não tenha sido tão prejudicial à Dilma, irá se revelar nos próximos dois meses e meio: o petismo está, ou não, em decadência? Os eleitores estão voltados para uma renovação, para uma alternância no poder? O teste de dois mandatos de oito anos para um só partido não foi digerido pelos brasileiros? É possível que a resposta seja positiva, mas até aqui ainda não se sabe. Se Dilma cai em pontuação nas pesquisas, Aécio e Eduardo Campos também não sobem. O segundo turno será determinado (por ora) pelos candidatos de partidos nanicos, cujo somatório informa que a eleição não se dará na primeira rodada, mas sim na segunda.  

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