Mais do que o fato de João Bosco e Toquinho serem exímios violonistas, a discografia deles representa um grau a mais na exuberância da música popular brasileira. E um encontro entre os dois, como acontece neste sábado, na última edição do Projeto Acústico TCA deste ano, no Teatro Castro Alves, às 21 horas, é um bálsamo.
Para Toquinho, apresentar-se na Bahia sempre lhe traz lembranças agradáveis. Foi no TCA que Vinicius e ele fizeram seus primeiros shows no Brasil, no início da parceria, em 1970. Depois, ele morou um tempo na casa do Poetinha – época em que produziram grande parte das canções da dupla.
“Foi um período de muito divertimento e de muita descontração, convivendo com amigos e com essa coisa mágica que a Bahia tem de purificar a alma das pessoas. Sempre saio daí mais leve e iluminado”, diz ele.
No show de sábado, cada um faz apresentações solo e, num terceiro momento, tocam juntos. A ideia de Toquinho é fazer um show intimista com canções que o público gosta de cantar. “O público baiano é caloroso e curtirá nossa apresentação, participando vivamente de todos os momentos do espetáculo”.
Sem pressa - Recentemente, Toquinho lançou o CD Quem Viver, Verá depois de oito anos sem gravar inéditas. Conta com convidados como Ivete Sangalo e Zeca Pagodinho e tem parcerias com Francis Hime e o escritor Antonio Skármeta, autor de O Carteiro e O Poeta.
“Todo novo CD representa um momento novo na carreira do artista. Não tenho pressa de lançar canções novas, vou trabalhando em cima de temas que o cotidiano me oferece, saboreando devagar as alternativas das composições. Esse tempo a passar trabalhando com música é o que mais me atrai e me encaminha para novos projetos”, diz.
A admiração mútua dos músicos vai estar em algum lugar entre as melodias e harmonias das canções. ”João Bosco é um excepcional compositor e intérprete. Faz parte de uma geração que excede em talento e produtividade. Sua música é forte e retrata o Brasil de diversas maneiras. Me identifico com muitas de suas composições e com sua característica peculiar de interpretá-las. É sempre um grande prazer trabalhar com ele”, afirma.
Verão - João Bosco, que vai ser o músico homenageado da edição do Prêmio da Música Brasileira neste ano, destaca que, além do fato de o público baiano ser muito carinhoso e atencioso, o “congraçamento de verão” de baianos com outras pessoas e o fato de dividir o palco com Toquinho são condições especiais. Adora Tarde em Itapuã, por exemplo.
Seu disco mais recente foi gravado em 2009 (o excelente Não Vou Pro Céu Mas Já Não Vivo no Chão), e agora prepara-se para gravar um DVD nos dias 7 e 8 de fevereiro, no Rio de Janeiro, revendo o próprio trabalho e gravando autores que admira.
Para o show de sábado, Corsário é uma das músicas que ele vai interpretar, e pretende fazer homenagem aos 30 anos da “ausência” de Elis Regina. “Foi uma cantora de muita importância na minha vida. Ela também gravou Mestre Sala-dos-Mares, Bala com Bala, Caça à Raposa, Agnus Sei e levou esse repertório pelo País inteiro, com registros definitivos”. João diz ter certeza que quando ele mesmo canta O Bêbado e a Equilibrista é em Elis que o público pensa. “Ela deu o tom que reverbera até hoje”.
Artistas de uma época que a indústria fonográfica vivia outra realidade, os dois estão atentos. Toquinho acredita, inclusive, que os artistas já estão usufruindo “dessa dimensão sem limites com as músicas sendo espalhadas pelo mundo”. O retorno material, para ele, “será uma consequência lógica, quando se aprender a legislar sobre toda essa transformação”.
Para João, para quem o teatro hoje representa o mercado da música, os CDs passaram a funcionar como “uma moeda de troca, um cartão de visitas”.
O fundamental, para ele, é que a música, compositores e intérpretes continuam trabalhando e o público indo ao teatro. A propósito, os ingressos já estão esgotados.
Fonte: A Tarde online
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