Parafraseando o
ex-governador Octavio Mangabeira, a célebre frase do cabeçalho reflete a minha
indignação.
Sai de casa na manhã
de 8 de Julho, de carro, já que rotineiramente saio de moto, pois com os
aumentos constantes de combustível, não tem cristão que aguente! Mas, voltando
ao fato; sai para levar minha avó no médico, e percebi que o pneu traseiro do
meu possante estava baixo. Parando no posto de combustível que abasteço com freqüência,
encostei no calibrador e ao descer do
carro, percebi que os frentistas estavam todos rindo. Não entendi o motivo da
graça e me dirigi ao calibrador olhando para o grupo rindo sem parar e com a
mão estendida continuei andando. Passei a me aborrecer com os risos mais acentuados e já irado e ainda sem olhar, tentei pegar a mangueira do calibrador sem sucesso.
Olho para frente e me deparo com um nada. Não tinha calibrador algum. Entendi em
parte a graça dos frentistas. Ri também, porque pensei comigo “ o calibrador
quebrou e foi para o conserto”. Meio sem graça, me dirigi aos amigos e
perguntei: quebrou? e um dos frentistas respondeu: levaram! eu disse: levaram,
como? ele respondeu: roubaram! Aí eu me dei conta do que realmente estava
acontecendo ali.
Os risos dos
trabalhadores do posto, era como se dissessem: você está vendo a que ponto nós
chegamos! e eu na minha já tumultuada cabeça, pensei o que teria acontecido ali,
um crime ou um simples ato de vandalismo. Na realidade, ou um ou outro está
interligado, já que se for crime, foi falta de segurança, se foi vandalismo,
foi falta de políticas públicas.
A situação das
cidades brasileiras e especialmente as baianas está cada vez mais complicada.
Os recursos públicos não chegam aos seus destinos porque a corrupção passa na
frente e tira os seus 10 ou 20%. Os cortes nos orçamentos afetam principalmente
a segurança, saúde e educação, por conseguinte, atingem em cheio quem paga uma
carga exorbitante de impostos para sustentar um sistema falido, e fadado a sucumbir.
A luta é desigual. O
sistema é perverso e o povo é frágil.
Confuso com a
situação, me despeço dos frentistas e ao me dirigir ao carro, um dos amigos me
chama e diz: ei! coloca lá no seu blog que levaram o calibrador! kkkkk. Com um
sorriso amarelo de vergonha, eu fiz um sinal de positivo, baixei minha cabeça e segui meu caminho.
Ari Rodrigues - é Blogueiro, produtor cultural, membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL, presidente do Fórum de Cultura Itabunense-FDCI,e diretor de comunicação da ACATE
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